No final do século XIX, uma negociação entre Coronel Marçal Nogueira de Barros e o Capitão Vicente Dias faz da propriedade mais um empreendimento da família Dias. Como normalmente acontecia, a administração era transmitida aos herdeiros. Coube ao filho mais velho do Capitão Vicente, Sr. José Luiz Alves de Araújo Dias tomar conta destas terras que, até hoje, pertence à família.
Como fazenda centenária, inúmeras histórias foram contadas: o café era a cultura principal (até o ano 2000 existiam mais de cem mil pés), mas outras atividades praticadas a tornavam autossustentável. No final da década. de 30, possuía um alambique que comercializava a cachaça “Juca Dias”. A bebida era distribuída em São José e nas vendas e armazéns de outras cidades do entorno, através de um carroção de seis burros. Além disso, no Nocal produzia-se açúcar mascavo – técnica repassada pelo Cel. João Baptista de Lima Figueiredo, da Usina Itaiquara. Outra cultura promissora cultivada na Becerábia foi o algodão. Após 1929, muito algodão foi plantado na fazenda, que era vendido ao Sr. José Andreolli, que distribuía o insumo. Em 1939 inaugurou-se a Escola Mista Becerábia – uma das primeiras do município.
Da mesma forma, o entusiasmo no cotidiano na fazenda era comum, porque era um enorme núcleo populacional. “Naquele tempo as fazendas eram muito movimentadas, não era preciso ir à cidade”, comenta Sr. Décio Ferreira dias, proprietário atual. Com grupos de colônias formados por italianos, espanhóis e descendentes de escravos, a mistura de raças era corriqueira. Existiam muitas festas, batizados, quermesses, principalmente aos domingos e no final dos ciclos de colheitas.
A chegada de um rádio na fazenda foi outro fato pitoresco: ao final das tardes de domingo reuniam-se dezenas de pessoas em volta da nova tecnologia; famílias inteiras vinham escutar o aparelho. Chegavam da cidade, dos sítios da região, todos queriam saber de onde saía aquela voz – alguns pessoas passavam atrás do rádio para ver se havia alguém escondido.
A amizade era também uma relação muito forte entre os moradores, mesmo entre os proprietários e os colonos. Habitualmente, os filhos de colonos eram apadrinhados pelos fazendeiros. Estes se dirigiam até a cidade para registrar o nome das crianças; muitas vezes decidiam ou davam sugestão para nomes. Os colonos também viviam por muitos anos nas fazendas (descendentes de colonos ainda vivem em algumas delas).
Hoje, a Becerábia é notória pela tradição de criação de cavalos Mangalarga com reconhecimento nacional. Também cultiva cana e gado de corte.
Fonte: Livro Fazendas Históricas de São José do Rio Pardo