Rodeada por grandes morros e uma vasta vegetação exuberante onde, do alto, se vê os ipês violetas, a Ouro Branco encanta desde a chegada.
A casa sede, em estilo colonial rústico, apropriado para o cotidiano laboral rural é datada do início do século XX. A estrutura econômica fora construída em volta da da sede: terreiro de café, tulha, galpões de armazenagem e até parte da imensa colônia, que chegou a possuir 40 casas; esse modelo de construção era necessário para que os bens materiais e insumos ficassem próximos aos olhos dos proprietários.
Originalmente, pertencia ao Sr. Nhô Nhô Machado, um dos colonizadores da cidade e amigo do Capitão Vicente de Araújo Dias. Por volta de 1938, Honório Dias Siqueira e seu primo Acácio, adquirem as terras e passam a administrá-las. Logo em seguida, em 1940, Honório compra a parte do primo e torna-se único dono de 130 alqueires de terra.
Nesta época, Honório Dias Siqueira, estebelecido como exímio advogado, revela-se grande empreendedor e até a década de 60 expande sua prioridade, comprando outras terras; Saracura, Santo Antônio, Timburi, Santa Rita, Santa Cruz e Alvorada, são anexadas à Ouro Branco.
Como advogado, Honório atendia grandes empresas de São José e da região. Usina Itaiquara, Banco F Barretto, Transportadora Irga, políticos e outras figuras importantes eram seus clientes.
Para se imaginar a importância do jurista na época (formou-se advogado em 1929), em um entorno de 19 cidades, havia apenas quatro advogados.
Como arcabouço econômico, a fazenda Ouro Branco era autossustentável e dedicava-se principalmente ao café e ao gado de leite. Multidisciplinar, também cultivavam milho, mandioca, hortaliças, e pomares; porcos e aves também era criados para garantir a subsistência de todos e o excedente era vendido ou trocado.
No auge da produção chegou a ter 90 funcionários, escola e 6 cocheiras. Hoje, o modelo de negócio resume-se à plantação de cana de açúcar e da agricultura biodinâmica, uma forma alternativa de cultura muito similar a orgânica e que incluí conceitos esotéricos elaborados a partir das ideias do pensador alemão Rudolf Steiner.
Segundo os herdeiros da fazenda, Luís Antônio e Ricardo Siqueira Dias, que há quatro gerações cuidam das terras, a geração que viveu na colônia até a década de 70 era fantástica. Os hábitos simples, voltados ao respeito e a solidariedade, mas sem subserviência, formaram íntegros cidadãos.
(Tirada do livro “Fazendas Históricas de São José do Rio Pardo”, realizado pelo governo do estado de São Paulo, Secretaria de Cultura)